10/12/19


“Uma imagem vale mais do que mil palavras.”



Ao proferir esta frase, há 2500 anos atrás, talvez nem o próprio Confúcio imaginasse que viria um tempo em que uma imagem valeria mais do que todas as palavras alguma vez ditas ou escritas.

Tempos houve em que a palavra tinha muito força. Veja-se os casos da religião e da política. Se no primeiro caso fez com que se invertesse completamente o rumo da humanidade, no segundo levou ao poder alguns dos seres mais abjetos da nossa história.

Desde os tempos mais remotos, quem sabe desde a hora em que foi inventada, temos assistido a um despudorado e desajustado uso da palavra.
Na verdade, uma palavra, não é mais do que um conjunto de letras com um determinado significado que, juntando-se a outras, pode adquirir outros significados.

As palavras, devem ser ordenadas de forma a que produzam sentido, sob pena de assumirem o aspeto de hieróglifos ininteligíveis, ou, pior do que isso, algo legível mas que ninguém entende.

O tempo é de retórica. Não de uma retórica qualquer, mas de uma retórica agilmente construída por quem sabe de antemão que o discurso é de sentido único, sem direito a contraditório. E depois, como a nossa relação com as palavras é cada vez mais frágil, acabamos por comer gato por lebre sem nunca nos fartarmos.

Em contrapeso, temos aí a imagem e o seu imponente poder: mil, milhões, quantos milhões de vezes superior a quantas palavras alguma vez foram inventadas, para as passar para um lugar deveras subalterno. E, com retórica ou sem retórica, nem precisa de vir acompanhada... E então, se a fabricarmos, como por magia, através de malabaristas efeitos de corte e costura, para a ajustarmos ao nosso objetivo, bingo, cereja no topo do bolo… e lebre, nem vê-la.

Confúcio lá saberia dos porquês da sua frase, mas creio nunca lhe ter passado pela cabeça que uma simples imagem fosse suficiente para desestabilizar uma ou várias nações, para desencadear uma guerra ou agitar quantas almas existem na terra, que teria muito mais força do que todos os debates realizados num Conselho Europeu, numa reunião dos denominados G7 ou num Senado Norte Americano.


Jota

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