26/09/10

10 Unidades

Na caixa do hipermercado.

Funcionária: - Desculpe, o senhor não tem mais de 10 unidades?
Cliente: - ()
Funcionária: - Desculpe, o senhor não tem mais de 10 unidades?
Cliente: - A senhora acha que se eu tivesse mais do que 10 unidades, vinha para esta caixa? Acha que eu não tinha a hombridade suficiente para saber que não deveria vir para aqui? Ou acha que eu não sei contar?
Funcionária: - É que, sabe, as pessoas por vezes não reparam que esta caixa é só para quem tem 10 unidades…
Cliente: - Pois, mas eu não sou uma dessas pessoas…
Funcionária: - Pronto, tudo bem, o senhor tem toda a razão…
Cliente: - Não precisa de me dar razão, porque eu sei que a tenho. – E continuando em monólogo – Esta agora, devem pensar que um gajo é parvo ou estúpido, blá, blá, blá…

02/09/10

Convívio


Flash 11

O crepúsculo da tarde empresta ao horizonte uma mancha de sangue por detrás daquelas nuvens finas, que há minutos atrás, faziam lembrar enormes teias de aranha, antes que a noite cálida receba a garotada para umas horas de paródia no centro da povoação. É um convívio mais do que merecido, depois de um dia abrasador como este, em pleno mês de Agosto, em que as temperaturas rondaram os 40 graus centígrados e os putos, braços direitos dos pais nas tarefas do campo, nem nas horas de maior torreira tiveram um minuto de descanso. Quase todos andam descalços, e da cintura para cima, trazem vestidas as camisas com que vieram ao mundo. Consoante as idades, assim se organizam em grupos: uns brincam às escondidas, outros disputam corridas com distâncias previamente definidas, e os mais velhos concorrem ao pódio do mais valente. Nesta modalidade destaca-se o Zé, o mais matulão de todos, que consegue pegar numa pedra de granito com mais de 50 kg de peso e levá-la nos braços, encostada à barriga, sem a poisar vez nenhuma, num percurso de mais de 100 metros. É, sem dúvida um brutamontes. Mas o que ele tem de mais em força tem de menos em jeito. Tanto assim é, que quando as coisas viram para a zaragata, quase sempre é tosado pelos da sua idade apesar de terem o corpo bem mais franzino. Para que leve a melhor numa briga, precisa de agarrar o opositor, porque falta-lhe jeito para dar uns socos e uns pontapés. Desgraçado daquele que se deixa agarrar por ele, que nas suas mãos se transforma num verdadeiro saco de encher. É o que acaba de acontecer ao João que, debaixo das manápulas daquele labrego, está a levar poucas e boas. Mas já alguém foi chamar o irmão Manuel e ei-lo a correr, com a raiva estampada no rosto para o local onde o irmão não passa de um fardo de palha nas mãos daquele gigante. Manuel é um pouco mais novo que os outros dois e não tem nem metade da força do Zé… como irá ele resolver o problema? É isso, está mesmo ali à mão de semear um paralelo solto na calçada, no qual ele pega com as duas mãos e, com toda a sua força, dá com ele na cabeça do estafermo que cai imediatamente para o lado a jorrar sangue por todo o lado. É agora que o João já com algumas nódoas negras na cara, aproveita para se soltar do abutre. Resolvido o problema, os dois irmãos vão para casa, porque desta vez a paródia foi um pouco mais longe do que o habitual.