14/09/20

Eu não sou um, sou dois.

Ah, o ventura já está com 10% de intenções de voto nas sondagens! É claro. E é claro que vai continuar a subir. Se não, qual a alternativa? Quarenta e seis anos depois continuamos com a mesma forma de fazer política. Eu muitas vezes pergunto-me: porque será que a nossa gente continua a votar em pessoas que ao longo do tempo a única coisa que fizeram foi roubar e mentir? E se não o fizeram descaradamente, aliaram-se ou apoiaram alguém que o fizesse. Batem no ceguinho com a mesma desfaçatez de há quarenta anos atrás e o cego vai-se pondo a jeito para levar sempre mais. Aconteça o que acontecer, façam eles o que fizerem, esbulhem-nos do que quiserem, a sensação que fica é que tudo é esquecível e perdoável, e, quando chega a altura de escolher quem nos represente, escolhemos, maioritariamente, nada mais nada menos do que os nossos carrascos. É obra. Esses, pelo menos, que se calassem em vez de criticarem os venturas. Com que legitimidade? Criticam uma nódoa e estão impregnados de esterco.

Para mim chega. Esta ligação do nosso primeiro-ministro à candidatura do vieira ultrapassa todos os limites. Não é só os do bom senso, é todos. Depois tem a cara de pau de utilizar o subterfúgio que só ainda não caiu de podre porque ele sabe o povo que tem: eu não sou um mas sim dois indivíduos, o primeiro-ministro e o cidadão antónio costa e como o cidadão é do benfica... Estes políticos da treta socorrem-se sempre dos mesmos estratagemas para legitimarem as suas posições mais estapafúrdias. Imaginemos um padre de uma determinada paróquia. Certa ocasião os paroquianos dirigem-se para a igreja para assistirem à esperada missa de domingo. Quando lá chegam encontram-no cravado em cima de uma paroquiana. Depois de ele acabar o serviço, levanta-se com toda a calma do mundo e explica-se: este que estivestes a observar não era o vosso padre era o cidadão X que, para além de ser padre, também tem necessidades sexuais. Só que neste caso, os paroquianos encarregavam-se de o pôr a andar, no caso do costa dão-lhe mais um voto de confiança.

Desculpa, costa, mas o argumento de que sempre foi assim não cola. Se sempre esteve mal, haja alguém que tenha a coragem de dizer basta. Só que são muitos os anos de vícios entranhados nessa maldita arte de fazer dos outros estúpidos. Sinceramente, se as duas únicas opções que eu tivesse fossem ou tu ou o ventura, confesso que iria ter muitas dificuldades na escolha.