O comboio estava a chegar à estação de Alverca, mas devido a uns problemas quaisquer, teve que parar cerca de 50 metros atrás do acostumado local. As pessoas que vinham na primeira carruagem, no hall próximo da cabine do maquinista, apressaram-se a premir o botão da porta com intenção de a abrirem, só que as portas ainda estavam trancadas porque o comboio ainda tinha que avançar mais uns metros. Não tardou que duas garotas de arganel no nariz, phones nos ouvidos e a ruminarem pastilhas elásticas, batessem com as mãos na porta que dava acesso à cabine do maquinista dizendo: “Então, mas esta merda abre ou não abre?” O maquinista, apercebeu-se da confusão e fez soar o seguinte aviso nos altifalantes: “Informam-se todos os passageiros de que o comboio ainda não chegou à gare, logo que chegue, as portas serão desbloqueadas.” Perante este aviso, as ditas cachopas ainda se indignaram mais e ladraram o seguinte, continuando a bater na porta: “Olha, agora quer-nos levar para o Oriente… Nós não queremos ir para o Oriente, abra mas é esta porcaria.”
Entretanto o comboio andou mais uns metros e as portas foram desbloqueadas. Uma das primeiras pessoas a sair dirigiu-se imediatamente para junto do maquinista e disparou: “Olhe lá, ó vizinho, para onde é que você quer levar esta coisa?” O maquinista ficou a olhar para ela embasbacado, se calhar a pensar o mesmo que eu: “De onde é que esta gente saiu? Só pode ter sido de um manicómio qualquer.”