02/06/13

O chico-esperto



Nove e um quarto de um sábado qualquer e o pingo doce já está apinhado de gente. O meu espanto aumenta quando reparo que a maior parte dos peixes estão com uma promoção de 50%. Grande azar, logo hoje que vinha apenas para comprar 4 ou 5 carapaus para o almoço. Retiro a senha nº 86 e acabam de chamar o nº 65. Que fazer, desisto ou espero? São 3 pessoas a atender, pode ser que seja rápido.


Passa meia hora e tudo corre bem. Acabam de chamar a pessoa com o nº 79. Mas, oh diabo, há duas pessoas a reclamar a senha 79. A funcionária examina-as e chega à conclusão que uma delas não pertence ao lote das senhas correntes, mas sim ao lote anterior. Atrapalhado, o indivíduo com a senha falsa, diz que a tirou de um monte de senhas soltas como as outras pessoas. A funcionária diz que não pode atendê-lo porque a senha não é válida. O falsário diz que não vai dali embora sem o peixe, uma vez que já está ali quase há uma hora. A funcionária para evitar aborrecimentos condescende e pede ao senhor para não voltar a tomar uma atitude destas.


Calmamente, dirijo-me à funcionária e digo: “Este senhor não é atendido com esta senha.” O esperto olha-me de soslaio e ronca: “Quem é você para dizer que eu não sou atendido?” O polícia, ali de serviço, passa pelo local para assinalar a sua presença. “Chame o responsável pela secção, por favor.” Peço à funcionária. Dois minutos depois chega a responsável pela peixaria.


Inteira-se do assunto e pede bom senso. Repito o que dissera antes: “Este senhor não é atendido com esta senha.” A responsável sentencia: “O senhor, se quiser levar peixe, terá que retirar outra senha.” O finório amarrota a senha do lote anterior e sai porta fora a balbuciar impropérios. Espero mais 15 minutos e peço 5 carapaus.