O que sei eu? Não sei nada. Sou
um ignorante chapado. E talvez nem ignorante seja, porque ser ignorante é ser
humano e eu nem sei o que isso é. Uma das coisas que me faz sentir infeliz é não
ter ideia se uma pedra é ou não feliz. Calculo que tenha momentos mais felizes
do que os meus e por isso lhe tenho inveja. Tenho ainda o pressentimento de que
qualquer pedra sabe mais do que eu, e o que me entristece é passar-me pelo
pensamento a ideia de que quando eu deixar de respirar, obrigatoriamente me vou
juntar a uma que assim ficará mais ignorante do que era até aí, se de ignorância ela padecia.
Invejo as pedras porque têm tudo para ser felizes: Têm o vento, a chuva, o frio, o calor, o sol e as
outras estrelas, têm o universo. E eu que tenho? Não tenho nada. Deixei de ser
feliz quando deixei de ser criança. Quem pensa em ser feliz, nunca o será. E se
alguém, não sendo criança, disser que é feliz, está a mentir a si próprio. Se
eu quisesse ser feliz bastava contentar-me em viver, mais nada. Tudo o resto é
supérfluo. Ilusoriamente, lutamos pela conquista da felicidade. Esforçamo-nos
por conseguir dinheiro que mais não é do que uma ferramenta para o jogo da
competição. Competimos em tudo, na comida na roupa, no carro, na casa, no
lazer, no… na…, iludidos de que assim chegaremos à felicidade, mas quando olhamos
pela janela da nossa casa ou do nosso carro e nos deparamos com a serenidade de
uma pedra, sentimo-nos verdadeiramente miseráveis.
Anónimo