06/04/14

Ignorância



O que sei eu? Não sei nada. Sou um ignorante chapado. E talvez nem ignorante seja, porque ser ignorante é ser humano e eu nem sei o que isso é. Uma das coisas que me faz sentir infeliz é não ter ideia se uma pedra é ou não feliz. Calculo que tenha momentos mais felizes do que os meus e por isso lhe tenho inveja. Tenho ainda o pressentimento de que qualquer pedra sabe mais do que eu, e o que me entristece é passar-me pelo pensamento a ideia de que quando eu deixar de respirar, obrigatoriamente me vou juntar a uma que assim ficará mais ignorante do que era até aí, se de ignorância ela padecia. 


Invejo as pedras porque têm tudo para ser felizes: Têm o vento, a chuva, o frio, o calor, o sol e as outras estrelas, têm o universo. E eu que tenho? Não tenho nada. Deixei de ser feliz quando deixei de ser criança. Quem pensa em ser feliz, nunca o será. E se alguém, não sendo criança, disser que é feliz, está a mentir a si próprio. Se eu quisesse ser feliz bastava contentar-me em viver, mais nada. Tudo o resto é supérfluo. Ilusoriamente, lutamos pela conquista da felicidade. Esforçamo-nos por conseguir dinheiro que mais não é do que uma ferramenta para o jogo da competição. Competimos em tudo, na comida na roupa, no carro, na casa, no lazer, no… na…, iludidos de que assim chegaremos à felicidade, mas quando olhamos pela janela da nossa casa ou do nosso carro e nos deparamos com a serenidade de uma pedra, sentimo-nos verdadeiramente miseráveis.

Anónimo