“Dois dos seis piratas do ar foram espancados até à morte
pelos passageiros e pela tripulação do avião” anunciavam na TV. Rapidamente me
veio à lembrança o filme Voo 93
baseado nos acontecimentos do célebre 11 de Setembro, aquele em que os piratas
pretendiam fazer embater o avião contra o Capitólio, e que só não o conseguiram
porque a coragem e o patriotismo da tripulação e dos passageiros não o
permitiram, evitando assim uma mortandade muito maior do que a que aconteceu.
Quem dera que este seja um sinal de uma verdadeira mudança
de vontades. Quem dera que este gesto fraterno anime as hostes de bom senso
para que se libertem do medo mesquinho que as acorrenta e faz reféns de meia
dúzia de facínoras sem escrúpulos que, se preciso for, são capazes de cozinhar
e comer a própria mãe. Quem dera que este seja o clique que abre a página das
consciências daqueles que, cobardemente, se têm alheado de agir em defesa dos que
ficam à mercê de gentalha que nem o tempo de vida de um efemeróptero adulto
merecia.
Senti-me confortado com a notícia e só senti pena de não
terem espancado os outros quatro da mesma forma.